Acompanhe a continuidade da presença do Tecnosinos no SXSW 2025

Como noticiado na última semana, o gestor executivo do Tecnosinos, Silvio Bitencourt, esteve em missão nos EUA para acompanhar diversos painéis no SXSW, festival que ocorreu em Austin, no Texas, entre os dias 7 e 15 de março. Os recursos dessa agenda internacional são provenientes do apoio da Rede RS Startup por meio da Fapergs.
A seguir, continue acompanhando os relatos feitos por Bitencourt da continuidade de suas experiências e de tudo o que foi visto por ele ao longo do evento.
SXSW 2025 #18 – Tive a oportunidade de participar de uma sessão conduzida por Morra Aarons-Mele, uma renomada especialista em liderança e saúde mental, cujo trabalho tem sido amplamente reconhecido no cenário global. Morra é uma profissional com décadas de experiência como estrategista política, de saúde pública e defesa de questões sociais, tendo atuado em organizações de grande porte, como empresas da Fortune 500 e agências governamentais dos Estados Unidos. Ela é também a criadora do podcast The Anxious Achiever, reconhecido por sua contribuição significativa à discussão sobre saúde mental e liderança.
Durante a sessão, Morra compartilhou insights valiosos sobre como os desafios mentais e emocionais, como a ansiedade e a neurodivergência, podem ser transformados em pontos fortes no ambiente profissional. Um dos conceitos mais impactantes que ela explorou foi a ideia de “be boldly bad at things” — a coragem de ser intencionalmente imperfeito ou “ruim” em determinadas áreas, permitindo que isso se torne uma oportunidade de crescimento e aprendizado contínuo. Morra também abordou a importância de entender o nosso “tricky brain”, ou seja, a complexidade de nossas mentes, e como essas características podem ser, na verdade, superpoderes quando corretamente compreendidas e aceitas.
Essa abordagem inovadora e genuína ajudou a aprofundar minha compreensão de como a vulnerabilidade e a autenticidade podem ser ferramentas poderosas para um estilo de liderança mais empático e eficaz. Em um contexto acadêmico, esses conceitos podem ser especialmente relevantes para a construção de um modelo de liderança mais inclusivo e sustentável, que reconhece a importância da saúde mental como um elemento fundamental no desenvolvimento de líderes e equipes de alto desempenho.
SXSW 2025 #19 – Participar da sessão intitulada “From Cages to the Real World: The Dawn of Physical AI” no SXSW 2025 foi uma experiência gratificante intelectualmente. A exposição contou com líderes visionários que estão na vanguarda da integração entre inteligência artificial e robótica, oferecendo insights valiosos sobre como a IA está ganhando forma física e impactando diversos setores.
Dr. Anirudh Devgan, Presidente e CEO da Cadence, iniciou a discussão destacando as oportunidades e desafios associados à transição da infraestrutura de IA para a autonomia física. Ele enfatizou a importância de navegar pelas fronteiras tecnológicas emergentes e como isso está democratizando a robótica em múltiplos domínios.
Sir Tim Berners-Lee, inventor da World Wide Web, compartilhou sua visão sobre a evolução da internet e o papel crucial da IA física na transformação digital. Sua perspectiva histórica e futurista proporcionou uma compreensão profunda de como a web e a IA convergem para moldar o futuro.
Tye Brady, Chief Technologist da Amazon Robotics, apresentou avanços significativos na robótica física, discutindo como a Amazon está integrando IA física para aprimorar operações logísticas e de atendimento ao cliente. Sua visão sobre a aplicação prática da IA física exemplifica a transformação de conceitos em soluções tangíveis.
Dra. Andrea Thomaz, CEO e cofundadora da Diligent Robotics, compartilhou insights sobre o desenvolvimento de robôs sociais como o Moxi. Ela destacou como a IA física está sendo aplicada para melhorar a eficiência e a qualidade dos cuidados de saúde, ilustrando o impacto direto da tecnologia na vida cotidiana.
Jennifer Stojkovic, moderadora do painel e autora de “The Future of Food is Female”, conduziu a conversa com perspicácia, conectando os tópicos discutidos à inovação no setor alimentício e à sustentabilidade. Sua abordagem estratégica ressaltou a interconexão entre tecnologia, indústria e sociedade.
A sessão proporcionou uma visão abrangente de como a IA física está saindo dos laboratórios e entrando no mundo real, transformando indústrias e a vida cotidiana. Fiquei especialmente impressionado com a ênfase na colaboração interdisciplinar e na necessidade de abordar questões éticas à medida que avançamos nessa nova era tecnológica. A IA Física integra sistemas de inteligência artificial com capacidades físicas, permitindo que máquinas e robôs interajam e se adaptem ao mundo físico de maneira inteligente.
Durante a sessão, não pude deixar de lembrar dos Jetsons, especialmente da personagem Rosie, a robô doméstica que cuidava da família no futuro retratado na série animada. Rosie exemplifica a visão de robôs físicos integrados ao cotidiano humano, antecipando o que estamos começando a realizar com a IA física atualmente. Um exemplo real dessa tecnologia é a Waymo, uma empresa que desenvolve e opera veículos autônomos, exemplificando a aplicação da IA Física em carros autônomos. Essa convergência entre o mundo digital e o físico está abrindo novas fronteiras para a automação, oferecendo soluções inovadoras em setores como saúde, logística e serviços domésticos. A contínua evolução da IA física está transformando significativamente e de forma acelerada a maneira como interagimos com a tecnologia no cotidiano e nossas vidas cotidianas.
SXSW 2025 #20 – Acompanhei a sessão “Innovation Unbridled: The Opportunity and Peril of AI”, um painel que trouxe reflexões essenciais sobre o impacto da inteligência artificial na sociedade, na economia e no futuro do trabalho. O painel contou com a participação de grandes nomes do setor: Patricia Geli, Managing Partner da C10 Labs, especialista em parcerias público-privadas para inovação em tecnologias emergentes; Anupam Govil, Managing Partner e líder de pensamento em IA na AAA, com vasta experiência em transformação digital e investimentos estratégicos; Vrinda Menon, CTO e Managing Director no JPMorgan Chase, reconhecida por sua atuação em tecnologia financeira e pela promoção da diversidade no setor de tecnologia; e Murali Swaminathan, CTO da Freshworks, que lidera a estratégia global de tecnologia da empresa, focada em soluções baseadas em IA para otimizar a experiência do cliente.
Durante a discussão, foram abordados temas cruciais como o potencial da IA para transformar indústrias e melhorar a vida das pessoas, mas também os desafios que acompanham essa revolução, como o impacto no mercado de trabalho, o viés algorítmico e a necessidade de regulamentação responsável. Um ponto forte do debate foi a necessidade de as empresas se tornarem “AI-first”, ou seja, adaptarem-se rapidamente às inovações tecnológicas para manter a competitividade.
Outro aspecto central foi a importância da democratização dos benefícios da IA garantindo que seus avanços não fiquem restritos a grandes corporações, mas beneficiem a sociedade como um todo. Além disso, os painelistas discutiram a questão da IA como um possível risco existencial e os caminhos para mitigar seus impactos negativos, garantindo uma governança ética e responsável. A sessão trouxe vários insights sobre os desafios e as oportunidades que a IA representa, reforçando a necessidade de equilibrar inovação com responsabilidade. Foi uma experiência importante que reforça a necessidade dessa discussão e reflexões sobre como a inteligência artificial continuará moldando nosso futuro.
SXSW 2025 #21 – Em uma manhã de evento, percorri o SXSW Expo, um espaço que reúne as indústrias mais inovadoras, oferecendo uma imersão nas tendências tecnológicas, design, impacto social, entretenimento, saúde e bem-estar, e muito mais. A cada edição, a curadoria do SXSW busca as marcas, serviços e produtos mais disruptivos, criando uma convergência de ideias e descobertas que nos levam diretamente para o futuro. Tive a chance de explorar diversos pavilhões e um destaque especial foi o Podcast Lounge, onde pude acompanhar de perto uma sessão sobre a interação entre a educação superior e a inteligência artificial. O lounge, especializado em podcasts de variados gêneros, trouxe conteúdos centrados em programação de impacto social, gaming, música, cinema, tecnologia, entre outros, proporcionando uma excelente oportunidade para explorar novas perspectivas e debates.
Além disso, o SXSW Expo contava com outros pavilhões como o Innovation, que destacou disruptores e líderes de pensamento à frente das tendências tecnológicas e criativas, e o Global, onde pude explorar iniciativas e tendências de todo o mundo. O Social Impact foi outro ponto de interesse, mostrando como empresas estão criando soluções duradouras para melhorar a sociedade em níveis sociais, econômicos e ambientais. O Health + Wellness apresentou soluções focadas na melhoria da qualidade de vida, enquanto o Entertainment trouxe as últimas inovações nos setores de filmes, música e games, com projetos e produções revolucionárias. O SXSW Expo foi uma experiência imersiva, que me proporcionou acesso único às tendências e soluções de ponta. A participação no Podcast Lounge foi especialmente enriquecedora, permitindo-me aprofundar meus conhecimentos sobre a relação entre educação e inteligência artificial, uma temática de grande relevância no cenário atual.
SXSW 2025 #22 – Assisti um podcast ao vivo sobre o impacto da inteligência artificial no ensino superior. Foi uma conversa reunindo especialistas de diversas áreas – academia, desenvolvimento econômico e políticas públicas – para discutir como as instituições de ensino estão lidando com a crescente influência da IA na economia e no mercado de trabalho.
O painel contou com a participação de John McDonald, líder com mais de 30 anos de experiência em inovação e empreendedorismo, atualmente à frente do Tulsa Innovation Labs. Ele compartilhou sua visão sobre como as universidades podem colaborar com o setor econômico para preparar estudantes para um futuro impulsionado pela IA. Alisa Miller, Chief AI Officer e membro do conselho da Aletheia Marketing & Media, trouxe insights sobre a importância de uma IA ética e responsável, destacando o papel da academia na construção de sistemas mais transparentes e alinhados a valores humanos. Dakota Pawlicki, Diretor de Talent Hubs na CivicLab e apresentador do podcast Today’s Students, Tomorrow’s Talent, falou sobre as mudanças na educação pós-secundária e a necessidade de preparar os alunos para o mercado de trabalho do futuro. Dr. Julie Schell, da Universidade do Texas em Austin, compartilhou sua experiência na implementação de IA na educação, incluindo seu projeto UT Sage, um tutor de IA criado para aprimorar o ensino universitário.
Fora produzidas muitas reflexões sobre o papel das universidades na preparação de alunos para um futuro impulsionado pela IA abordando desde a necessidade de atualização curricular até o desenvolvimento de pesquisas que guiem uma adoção responsável da tecnologia. Um ponto que me chamou atenção foi a discussão sobre como a IA pode tanto ampliar oportunidades quanto aprofundar desigualdades, dependendo de como for implementada e regulada. Um destaque foi a análise sobre os desafios estruturais do sistema educacional, que muitas vezes ainda está “programado para o passado”, enquanto a tecnologia avança em ritmo acelerado. Os palestrantes trouxeram exemplos de iniciativas que já estão transformando a relação entre IA e ensino, além de explorar os impactos da tecnologia no desenvolvimento econômico das cidades.
Um exemplo concreto destacado por Dr. Julie Schell, é o UT Sage que foi projetado para apoiar o uso responsável da IA generativa no ensino e na aprendizagem. A plataforma permite que professores criem chatbots interativos para engajar os alunos e personalizar a experiência de aprendizado. Além disso, os instrutores podem configurar sessões de tutoria sobre qualquer tema, utilizando princípios estabelecidos de design educacional. Um diferencial importante é que a ferramenta garante a proteção dos registros educacionais dos alunos, tornando-se um modelo interessante para integrar IA na educação de forma segura e eficiente. Mais detalhes sobre o projeto podem ser encontrados clicando aqui.
Algo que me chamou especialmente a atenção foi a visão da Lumina Foundation sobre a importância de expandir o acesso à educação e formação profissional para um maior número de americanos após o ensino médio. A fundação defende que a educação deve ser uma ferramenta de oportunidade, ajudando as pessoas a construírem um futuro melhor para si mesmas e suas famílias. Atualmente, 55% dos adultos em idade ativa nos EUA possuem diplomas universitários, certificados ou certificações reconhecidas pela indústria, um aumento significativo desde 2008, quando esse número era de apenas 38%. O objetivo da fundação é que, até 2040, 75% da força de trabalho americana tenha qualificações que levem à prosperidade econômica. No entanto, o painel também abordou os desafios desse cenário. Com o aumento dos custos do ensino superior, as incertezas sobre o retorno financeiro dos diplomas e o impacto crescente da inteligência artificial no mercado de trabalho, muitas pessoas estão questionando se vale a pena investir em educação formal. A Lumina Foundation argumenta que a solução está em tornar a educação mais acessível, alinhada às necessidades do mercado e valorizada como um caminho para o crescimento profissional e econômico.
SXSW 2025 #23 – Tive a chance de assistir um painel exclusivo na SXSW, onde Lars Ulrich, cofundador e baterista do Metallica, conversou com Zane Lowe, renomado produtor, DJ e diretor criativo global da Apple Music. O bate-papo abordou a relação da banda com a tecnologia ao longo das décadas e como eles continuam inovando para se conectar com os fãs.
Lars destacou como Metallica sempre buscou maneiras de romper barreiras entre banda e público, mencionando desde o lançamento pioneiro de transmissões online nos anos 90 até a nova experiência em realidade virtual desenvolvida para o Apple Vision Pro. Trata-se de um curta-metragem em realidade virtual chamado “Metallica”. Com aproximadamente 26 minutos de duração. O filme coloca o espectador no papel de vocalista da banda, proporcionando uma perspectiva única de um show ao vivo. A experiência foi gravada durante um concerto no México. Segundo Lars, essa imersão permite que os fãs experimentem a sensação de estar no palco como vocalista da banda, algo que, apesar do alto custo do dispositivo, representa um novo passo na relação artista-fã.
Zane Lowe, por sua vez, trouxe sua perspectiva sobre a evolução do consumo musical e como a interatividade tem se tornado um fator essencial. Com sua experiência no Apple Music e como um dos principais curadores da indústria, ele ressaltou como artistas que se adaptam às novas plataformas conseguem manter relevância e expandir sua base de fãs. Sua condução do painel foi dinâmica e envolvente, explorando não apenas a parte técnica da inovação, mas também o impacto emocional dessa conexão digital.
O mais interessante foi perceber que, mesmo sendo uma banda histórica, Metallica segue inquieta e disposta a testar novos formatos. Lars fez questão de enfatizar que, apesar da adoção de tecnologias avançadas, o espírito coletivo do Metallica permanece o mesmo, algo que ele credita à sua herança dinamarquesa, onde o foco está no “nós” e não no “eu”. Essa mentalidade se reflete também no trabalho filantrópico da banda por meio da fundação All Within My Hands, que já arrecadou mais de 20 milhões de dólares para educação, combate à fome e socorro a desastres. O painel também teve momentos descontraídos, como quando Lars brincou dizendo que “Metallica está doando Vision Pros para todo mundo”, arrancando risadas do público. Além disso, fãs presentes na plateia interagiram diretamente, pedindo músicas e sugerindo locais para futuras apresentações, algo que reforçou a autenticidade e o vínculo próximo da banda com sua comunidade. De fato, o Metallica continua desafiando os limites do que significa ser uma banda de rock nos tempos atuais.